Do nada se fez história. Só que a história contada veio regada de estórias de quem invadiu, escravizou, espoliou, explorou com ensejo de destruição.
A história narrada sempre é a versão dos vencedores. Os sucumbidos levam para a vala o próprio esquecimento. Mas a memória dos vencidos perturba e incomoda.
Todo encantamento e glória representam a derrota de alguns e que nunca é narrada. A ocupação da terra brasilis pelo colonizador português, e que se diz descobridor, fez encobrir uma saga dantesca onde o povo nativo (indígenas), desigualmente inferiorizada nas suas defesas, foi sucumbido. Muito de sua história é ainda esquecida em sumidouros, em grotas do sem fim, nos troncos seculares de árvores que tomaram para a ocupação e que serviram de pelourinho para sova dos negros escravizados. Na história não escrita, mas memorizada pela devassa nas ocas indígenas, destruídas nos levantes de resistência e que se transformou na fala do invasor, na vitória do cristianismo sobre um povo pagão. A contra cruzada em versão américa-índigena sem a cruzada.
E assim o Brasil foi (é) colonizado!
E o invasor apoderou-se de tudo. Dos costumes nativos, tratou como crença pagã; das suas danças, viu-os como rituais satânicos; do seu canto, tratou como clamor profano e demoníaco; dos seus hábitos, como constatação de pertencerem a uma sub-raça, como manifestações atávicas e primitivas de povos inferiores, que mais se assemelhavam com animais irracionais.
No olhar do colonizador e que a história por ele inventada nos contou, essa gente, de tantos anos no perdimento, com a possibilidade e adestramento para embrenhar-se nas matas nativas, onde ainda não se alcançava, não servia para os desafios de fincar aqui as possessões imperialistas portuguesas. Mas os braços indígenas não tinham a virilidade necessária para os desafios homéricos que se impunham para o desenvolvimento, com a urgência de desmatar, de edificar, de construir uma “civilização”.
Não se dava a população indígena ao esforço do trabalho e não tinha nenhuma ambição, senão o convívio sereno com a mãe natureza que tudo dava em abundância, sem a necessidade de possessões e armazenamentos, sem a disputa egoística e o desejo insano de pertenças e propriedade.
Para os colonizadores isso era pura preguiça e que os tornavam também arredios. Na percepção do colonizador só queriam o sossego, a fornicação, e a contemplação sem objetividade alguma. Não tinham dimensão da riqueza que possuíam e sabiam onde estava. Pedras preciosas eram trocadas por frívolos regalos sem importância, mas que lhes traziam encantamento.
Era um povo pagão que precisava da clemência divina. Para isso, vieram os jesuítas com a missão de romper aqueles modos primitivos, despudorado, de nus entre nus, sem fé cristã. A catequização tornou-se numa obrigação e compromisso do povo de cultura (europeu) e, como tal, tinha o dever de proporcionar as estas humildes almas as portas da salvação. Assim, se espalharam às missões que acelerou o processo de dizimação indígena, embora com o discurso da proteção.
A história narrada sempre é a versão dos vencedores. Os sucumbidos levam para a vala o próprio esquecimento. Mas a memória dos vencidos perturba e incomoda.
Todo encantamento e glória representam a derrota de alguns e que nunca é narrada. A ocupação da terra brasilis pelo colonizador português, e que se diz descobridor, fez encobrir uma saga dantesca onde o povo nativo (indígenas), desigualmente inferiorizada nas suas defesas, foi sucumbido. Muito de sua história é ainda esquecida em sumidouros, em grotas do sem fim, nos troncos seculares de árvores que tomaram para a ocupação e que serviram de pelourinho para sova dos negros escravizados. Na história não escrita, mas memorizada pela devassa nas ocas indígenas, destruídas nos levantes de resistência e que se transformou na fala do invasor, na vitória do cristianismo sobre um povo pagão. A contra cruzada em versão américa-índigena sem a cruzada.
E assim o Brasil foi (é) colonizado!
E o invasor apoderou-se de tudo. Dos costumes nativos, tratou como crença pagã; das suas danças, viu-os como rituais satânicos; do seu canto, tratou como clamor profano e demoníaco; dos seus hábitos, como constatação de pertencerem a uma sub-raça, como manifestações atávicas e primitivas de povos inferiores, que mais se assemelhavam com animais irracionais.
No olhar do colonizador e que a história por ele inventada nos contou, essa gente, de tantos anos no perdimento, com a possibilidade e adestramento para embrenhar-se nas matas nativas, onde ainda não se alcançava, não servia para os desafios de fincar aqui as possessões imperialistas portuguesas. Mas os braços indígenas não tinham a virilidade necessária para os desafios homéricos que se impunham para o desenvolvimento, com a urgência de desmatar, de edificar, de construir uma “civilização”.
Não se dava a população indígena ao esforço do trabalho e não tinha nenhuma ambição, senão o convívio sereno com a mãe natureza que tudo dava em abundância, sem a necessidade de possessões e armazenamentos, sem a disputa egoística e o desejo insano de pertenças e propriedade.
Para os colonizadores isso era pura preguiça e que os tornavam também arredios. Na percepção do colonizador só queriam o sossego, a fornicação, e a contemplação sem objetividade alguma. Não tinham dimensão da riqueza que possuíam e sabiam onde estava. Pedras preciosas eram trocadas por frívolos regalos sem importância, mas que lhes traziam encantamento.
Era um povo pagão que precisava da clemência divina. Para isso, vieram os jesuítas com a missão de romper aqueles modos primitivos, despudorado, de nus entre nus, sem fé cristã. A catequização tornou-se numa obrigação e compromisso do povo de cultura (europeu) e, como tal, tinha o dever de proporcionar as estas humildes almas as portas da salvação. Assim, se espalharam às missões que acelerou o processo de dizimação indígena, embora com o discurso da proteção.
Como o nativo não servia ao propósito explorador, foi necessário buscar mão-de-obra escrava (para isso o Deus cristão abençoava). E foram ter na África, como legítimos caçadores enlaçando seres humanos, porém de raças inferiores, mas que o destino permitia escravizá-los.
Então as naus se encheram de lamento e dor, e o tráfico se fez de modo natural aos portugueses. Estalou-se o congestionamento de embarcações pelo Atlântico, instalando o primeiro passo para uma economia globalizada: pau-brasil, pedras preciosas e tudo mais que está terra propiciava (gratuitamente) a ganância voraz dos invasores. De volta, vinham as embarcações que passam ali, na África, para uma carga merecida de mercadoria humana.
Daí, as capitanias hereditárias que se formaram aqui, com o acúmulo de posses ao gentio branco vindo de Portugal, foram enchendo de gente negra, numa relação tão diversa e desumana. Enquanto isso, o indígena domesticado nos aquartelados jesuítas foi se perdendo de sua cultura e de seu modo de vida, enquanto seus irmãos, não receptivos à doutrinação, foram sumindo, sumindo, na mesma medida em que suas terras eram invadidas e saqueadas.
E continuou a imposição de uma cultura incompreendida. Quando vieram os negros, também tratados como sub-raça que tinha o destino natural à escravidão, inclusive abençoada pelo Deus cristão, rejeitou igualmente sua cultura. E então tudo que suas memórias traziam do continente africano foi satanizado, merecendo ser expurgada no açoite no pelourinho. Seus deuses eram verdadeiras heresias pagãs. A comida verdadeiro escárnio e nojo, resultado das sobras da Casa Grande. As mulheres africanas traziam o corpo avolumado e quente, propícios para fornicação dos senhores feudais e seu grupo de brancos, nas suas orgias bestiais. As mamas substanciosas destas negras tinham leite bastante para nutrir os filhos brancos, e as sobras ainda serviam para alimentar os mulatinhos (filhos do senhor com suas mucamas) e negrinhos, que haveriam de crescer fortes para o trabalho escravo.
E o invasor apossou de tudo. E apoderou-se também da língua dessas gentes. Da indígena aproveitou os nomes dados aos rios, peixes, serras, vales pássaros e animais, para não se perder tempo com futilidades, o que interessava é o que daí se extrai. Melhor preservar as nomenclaturas indígenas, de modo que facilitava a identificação e localização. Da africana, transformou o que era belo em feio e pejorativo, como forma de enfraquecimento das raízes que uniam o sofrimento humano dos escravizados, numa clara tentativa de banimento e menosprezo.
[...]
E assim se formou a nação brasileira e que ainda persegue uma identidade que não seja fruto contínuo da subjugação de uns tantos por poucos.
Então as naus se encheram de lamento e dor, e o tráfico se fez de modo natural aos portugueses. Estalou-se o congestionamento de embarcações pelo Atlântico, instalando o primeiro passo para uma economia globalizada: pau-brasil, pedras preciosas e tudo mais que está terra propiciava (gratuitamente) a ganância voraz dos invasores. De volta, vinham as embarcações que passam ali, na África, para uma carga merecida de mercadoria humana.
Daí, as capitanias hereditárias que se formaram aqui, com o acúmulo de posses ao gentio branco vindo de Portugal, foram enchendo de gente negra, numa relação tão diversa e desumana. Enquanto isso, o indígena domesticado nos aquartelados jesuítas foi se perdendo de sua cultura e de seu modo de vida, enquanto seus irmãos, não receptivos à doutrinação, foram sumindo, sumindo, na mesma medida em que suas terras eram invadidas e saqueadas.
E continuou a imposição de uma cultura incompreendida. Quando vieram os negros, também tratados como sub-raça que tinha o destino natural à escravidão, inclusive abençoada pelo Deus cristão, rejeitou igualmente sua cultura. E então tudo que suas memórias traziam do continente africano foi satanizado, merecendo ser expurgada no açoite no pelourinho. Seus deuses eram verdadeiras heresias pagãs. A comida verdadeiro escárnio e nojo, resultado das sobras da Casa Grande. As mulheres africanas traziam o corpo avolumado e quente, propícios para fornicação dos senhores feudais e seu grupo de brancos, nas suas orgias bestiais. As mamas substanciosas destas negras tinham leite bastante para nutrir os filhos brancos, e as sobras ainda serviam para alimentar os mulatinhos (filhos do senhor com suas mucamas) e negrinhos, que haveriam de crescer fortes para o trabalho escravo.
E o invasor apossou de tudo. E apoderou-se também da língua dessas gentes. Da indígena aproveitou os nomes dados aos rios, peixes, serras, vales pássaros e animais, para não se perder tempo com futilidades, o que interessava é o que daí se extrai. Melhor preservar as nomenclaturas indígenas, de modo que facilitava a identificação e localização. Da africana, transformou o que era belo em feio e pejorativo, como forma de enfraquecimento das raízes que uniam o sofrimento humano dos escravizados, numa clara tentativa de banimento e menosprezo.
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E assim se formou a nação brasileira e que ainda persegue uma identidade que não seja fruto contínuo da subjugação de uns tantos por poucos.